Poupem os Fofinhos!!

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Eu tenho nojo de quem maltrata animais. Eu tive muita raiva daquela menina que jogou filhotinhos de cachorro no rio, ou da senhora que jogou um gato no lixo, ou dos caçadores que caçam pelo prazer de matar, sem fazer uso nem da carne, nem da pele dos animais abatidos. Eu tenho raiva de quem é cruel com animais e já fui inclusive criticada pela minha defesa a eles. Mas também tenho bom senso.

Essa semana a marca de sapatos Arezzo anunciou uma linha de calçados e bolsas usando pele de coelho e de raposa; não achei legal, mas qualquer desprezo à notícia foi abafado pela reação hipócrita de muita gente. Quem é militante da causa fez exatamente o que se espera deles, o problema é que a grande maioria das pessoas que se revoltou e externou isso nunca pensou de fato no assunto, e vai voltar a não pensar nele em poucos dias. É a modinha do politicamente correto.

É praticamente a mesma relação que fiz com o texto sobre desarmamento; você quer realmente fazer algo pelos animais? Comece não os comendo então. Milhares de animais são abatidos todos os dias para fornecer nosso churrasco de domingo, o presunto da torrada, a salsicha do cachorro quente, o bacon do xis, o coração de aperitivo para a sobrecoxa assada do sábado à noite. O que fazemos sobre isso? Protestamos contra o preço do quilo. Só.

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Não estou defendendo a marca, até porque acho absurda a matança de animais por pura vaidade com elementos que podem ser simulados sinteticamente, mas não me sinto à vontade para fazer todo um discurso ambiental quando eu mesma sou carnívora e adepta de um bom filé mal passado. Ok, estamos falando de alimentação, mas o corpo humano não precisa de carne, ou pelo menos não na frequência com que se come. A proteína da carne pode ser encontrada, por exemplo, no ovo, que não exige a morte da galinha para ser produzido, enquanto o aperitivo do churrasco exige a morte de dezenas delas.

A menos que se considerem dignos de defesa somente os animais fofinhos, deixando bois, galinhas e porcos fora dessa, a bandeira levantada por tanta gente está um tanto incompleta, infundada. Então façamos o seguinte exercício: em vez de ficar no twitter amaldiçoando a Arezzo, que tal separar o lixo seco do orgânico? Não jogar lixo na rua? Apagar luzes de ambientes vazios? Não desperdiçar água?

Sejamos contra a matança de animais para fins fúteis, mas tenhamos bom senso; abrace uma causa, lute de verdade por ela e seja um exemplo antes de cobrar mudanças. É clichê mas é válido, nenhuma mudança acontece sem a boa vontade de todos, e ficar sentado reclamando nunca resolveu problema nenhum.

Maya Falks

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Maya Falks é escritora, publicitária e roteirista. Contista premiada, é editora de blog homônimo e apaixonada por literatura, música, cinema e propaganda, sendo devotada às palavras em suas mais diversas manifestações.

Contato: maya.tribos@gmail.com

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Blog: www.mayafalks.blogspot.com

 

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