Um tapinha não dói

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Tapinha não dói

Fonte da imagem: diario.iol.pt

Lembro-me de quando a música cujo título desse texto servia de refrão estourou, virou sucesso absoluto cantado em todo lugar. Lembro-me da minha revolta com a afirmação de que um tapa não dói. Dói, dói muito, não apenas no corpo, mas na dignidade da pessoa agredida. Não estou falando de fetiches sexuais nem nada do gênero, mas de violência gratuita, de covardia, de crime.

Essa semana o ator Dado Dolabella voltou a ser o centro das atenções ao ser novamente denunciado por agressão doméstica, fazendo como vítima primeiro sua ex-namorada, Luana Piovani, cujo comportamento nada exemplar a tirou um pouco da posição de mulher agredida, e agora sua esposa e mãe de um de seus filhos, Viviane Sarahyba. Do jeito encrenqueiro que o agressor em questão é, não chega exatamente a ser uma surpresa; porém, sua covardia reacende um debate que não deveria ser polêmico: até que ponto se envolver nos problemas de um casal?

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O velho ditado “em briga de marido e mulher, não se mete a colher” é certamente uma das frases populares mais perigosas que existe; muitas mulheres acabam mortas em seu próprio lar pela mentalidade de que ninguém tem o direito de se envolver em brigas familiares. Estatisticamente falando, o lar é o lugar mais perigoso que há para uma mulher, sendo 70% das agressões executadas por maridos, companheiros ou namorados; ou seja, briga de casal já deixou de ser algo privado para se tornar problema social há muito tempo.

Em 2006 entrou em vigor a Lei Maria da Penha, nome dado em homenagem a uma vítima de violência doméstica que tinha seu pior inimigo como marido, tendo se tornado paraplégica em uma das tentativas de homicídio que sofreu por parte dele. A lei até funciona, mas funciona da mesma maneira como tantas outras leis: precariamente. Mulheres agredidas comumente têm medo de denunciar companheiros violentos porque sabem que quase nada é feito, e a denúncia as obrigará a passar o resto da vida fugindo, se escondendo, morrendo de medo. A situação se agrava ainda mais quando a mulher é dependente do marido e piora quando o casal tem filhos.

Violência, em absolutamente nenhum caso, é a solução, seja ela física ou psicológica; ninguém tem o direito de ferir o corpo ou a moral de outro indivíduo, independente do motivo. O tapa e o insulto são claras demonstração de covardia e estupidez e não provam superioridade, como muitos agressores acreditam, provam unicamente uma pobreza de caráter que só pode ser vencida com conscientização e respeito.

Maya Falks

Maya Falks é escritora, publicitária e roteirista. Contista premiada, é editora de blog homônimo e apaixonada por literatura, música, cinema e propaganda, sendo devotada às palavras em suas mais diversas manifestações.

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1 comentário

  • Bem falado!

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