Menos um

Um dos homens mais procurados de todos os tempos foi declarado morto. O que isso vai mudar no mundo a partir de agora? No meu ponto de vista, nada. Osama Bin Laden não levou consigo para o inferno seu legado de sangue e terror; sempre vai existir maluco o tomando por herói e querendo seguir seus passos. E isso é porque toda história tem dois lados.

Vejamos: os atentados às Torres Gêmeas mataram aproximadamente 3 mil pessoas, 3 mil inocentes que não tinham nada a ver com a loucura doentia de George Bush, tão inocentes quanto eu e você se nossa presidenta Dilma provocar as pessoas erradas. Por outro lado, nos países do Oriente Médio, 3 mil vidas são facilmente ceifadas com muito mais frequência. Argumento perfeito, certo? Erradíssimo; morte de inocentes nunca poderia servir de justificativa para mais mortes de mais inocentes.

Bin Laden era um monstro, mais um entre tantos outros, e sua morte, mesmo sendo ele uma pessoa desnecessária, provocará uma vingança certamente tão sangrenta quanto as ações do novo mártir do terrorismo. E será sempre um ciclo vicioso, mortes justificando mortes, violência justificando violência.

Bin Laden teve o fim que mereceu, ou talvez muito menos doloroso do que merecia, e não condeno as pessoas que celebraram o fato como algo grandioso; mas nada muda o fato de que ele tinha seguidores tão ou mais loucos do que ele, que além de seu bando, existem dezenas de outros que desconsideram completamente o valor da vida humana (e nesse pacote podemos incluir políticos do mundo todo). Em outras palavras: celebremos menos um no mundo, mas sem esquecer que isso não vai mudar muita coisa.

Maya Falks

Maya Falks é escritora, publicitária e roteirista. Contista premiada, é editora de blog homônimo e apaixonada por literatura, música, cinema e propaganda, sendo devotada às palavras em suas mais diversas manifestações.

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