Conheça as consequências da testosterona em mulheres

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A lista de reações adversas no organismo feminino pelo uso sem indicação médica, é de dar medo.

Menos gordura corporal, mais músculos definidos, celulite praticamente zero, estrias reduzidas e libido a mil, são dos resultados proporcionados pelo famoso hormônio masculino testosterona. Para chegar neste resultado, basta aplicar algumas injeções, ingerir alguns comprimidos, passar um gel ou colar um adesivo sobre a pele. A proposta realmente é tentadora, mas, apesar dos “benefícios”, os especialistas discordam dessa prática.

“Há vários e perigosos efeitos colaterais”, responde o endocrinologista Filippo Pedrinola, de São Paulo. “E eles, sem dúvida, são muito mais intensos do que os possíveis resultados benéficos”, sobrepõe o endocrinologista catarinense Alexandre Hohl, presidente do departamento de endocrinologia feminina e andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Visual andrógino

Se a quantidade for muito alta ou o tempo de consumo estendido, o quadro tende ficar ainda pior.

A lista de reações adversas geradas no organismo feminino pelo consumo sem indicação médica, é de dar medo. “Entre elas está o aparecimento de acne, o crescimento do clitóris, a queda de cabelo, a retenção hídrica, que provoca inchaço, e as alterações no comportamento, o que costuma deixar a pessoa mais agressiva”, ressalta o endocrinologista Marcio Mancini, do Hospital das Clínicas de São Paulo. “O pomo de adão, conhecido como gogó, também cresce, e há realmente o aumento de pelos e o engrossamento da voz”, descreve o médico Jomar Souza, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.

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Se a quantidade for muito alta ou o tempo de consumo estendido, o quadro tende ficar ainda pior. “Pode ocorrer o aumento da formação dos glóbulos vermelhos e de fatores de coagulação do sangue, o que eleva o risco de trombose, hepatite, aparecimento de cistos e tumores malignos no fígado, a redução do bom colesterol (HDL) e o aumento do mau (LDL)”, enumera Mancini. O especialista ainda ressalta que há efeitos associados à parte ortopédica. “A substância deixa os músculos maiores e mais fortes, mas não tem a mesma ação sobre os tendões, que podem não aguentar o tranco”, acrescenta.

Desse modo, os especialistas alertam as usuárias que, quanto antes elas pararem com o uso do hormônio melhor. “Se o tempo de ingestão for curto, há mais chance de os efeitos colaterais regredirem”, afirma a endocrinologista Nathalia Ferreira, de São Paulo. Aquelas que demoram a se dar conta do estrago, ficam suscetíveis a outros tipos de problema. “Ele não provoca a dependência química, mas a psicológica, o que pode estar ligado à vigorexia”, diz Alexandre Hohl.

Mulheres que demoram a se dar conta do estrago, ficam suscetíveis a outros tipos de problema.

Não restam dúvidas de que começar a consumir o hormônio sem indicação médica é uma tremenda furada. Mas será que existe uma forma correta de consumi-lo?  Se for com a finalidade estética, não. “Não há a aprovação da Anvisa para a aplicação da testosterona com esse fim”, afirma o nutrólogo com especialização em modulação hormonal Thiago Volpi, de São Paulo.

Um especialista até pode receitar o hormônio, mas só para o tratamento de doenças. “Ela é indicada para mulheres na menopausa. Nessa fase, a reposição da testosterona é bem-vinda para restabelecer a libido e combater a perda de massa muscular, desde que com total controle médico”, esclarece Filippo Pedrinola. “Também é indicada em alguns casos de câncer e para anemias muito severas”, acrescenta Jomar Souza. “Ainda pode ser aplicada no combate à endometriose”, complementa Marcio Mancini.

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