Beleza Reconhecida

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Nunca me interessei por concursos de beleza, nunca os achei completamente justos, sempre existe uma certa desconfiança sobre as decisões do júri. Através do meu trabalho acabei acompanhando no passado alguns concursos de rainhas e princesas de festas comunitárias que me fizeram mudar um pouco essa opinião, mas a escolha da mulher mais bela, o “conjunto” mais completo é uma questão muito pessoal; algo que eu valorizo pode não ser o mesmo que você valoriza, e isso torna sempre esses concursos uma grande polêmica.

Há poucos minutos, entretanto, acompanhei a escolha da Miss Universo e acreditei na justiça da vitória da angolana Leila Lopes (sim, homônima da nossa famosa Leila Lopes), assim como muitos de meus amigos e conhecidos, que torciam igualmente pela única moça negra entre as 16 finalistas.

Leila é dona de um sorriso carismático ao extremo, não foi muito difícil abandonar a torcida inicial pela brasileira, apesar de ter resistido um pouco por questões bairristas, uma vez que ela é gaúcha como eu e somos reconhecidos no Brasil por valorizar em excesso o que é nosso. Mas Leila conquistou.

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A minha primeira aposta foi a ucraniana, que acabou em segundo justo lugar, sendo essa também dona de uma beleza estupenda e de uma simplicidade igualmente encantadora, diferente da nossa representante que, por diversos momentos, deixou transparecer um certo ego exacerbado. Claro que a transmissão do concurso enaltecia a beleza dela, e eu não ouso discordar tratar-se de uma mulher lindíssima, mas na hora da apresentação das 89 misses já se tornava evidente que Priscila não era a mais bonita. Sinceramente, nem a terceira mais bonita.

Não diria que tivemos candidatas injustiçadas, pelo menos não completamente, já que o que conta são mesmo as duas primeiras classificadas e eram de fato as duas mais bonitas, mais “completas” por assim dizer, mas confesso que não concordei com a Miss Filipinas entre as 5, embora sua resposta na parte mais desafiadora do concurso tenha sido muito, muito boa.

Falando nas respostas, não por bairrismos, até porque já deixei bem claro que não torcia pela nossa representante, achei a pergunta feita a ela difícil, confusa, complexa e até meio estúpida. A resposta dela foi no mesmo nível e eu, junto com muita gente, fiquei constrangida por ela. A pergunta feita à Leila foi interessante, simples, singela, e ela mal conseguia responder tamanha a reação positiva do público. Foi nesse momento que não haveria maior prova de justiça do que sua vitória – não tinha como não se encantar pela angolana.

Como disse, não costumo acompanhar concursos de beleza, sempre julguei tudo artificial demais, tal qual a candidata australiana, que, na minha humilde opinião, chegou longe demais para o tipo de beleza Barbie que ofereceu ao concurso, mas fiquei realmente satisfeita com o resultado, e sinto aquela pequena pontinha de patriotismo ao defender que em nossa casa elegemos a Miss Universo que realmente merecia ganhar.

Algumas delas talvez tivessem merecido ir um pouquinho mais além; substituiria facinho a Miss Filipinas pela Miss USA, que fugiu bastante do padrão de beleza que os americanos adoram nos empurrar goela abaixo, mas, como disseram os comentaristas, sua magreza exagerada pode ter sido decisiva. Sim, magreza exagerada. Nessa hora esboço um sorriso ignorando que todas eram muito, muito magras.

               De qualquer forma, a gente sempre se sente mais feliz quando tem a impressão que a coisa certa foi feita. Leila Lopes pode não ser literalmente a mulher mais linda do mundo (ou do universo, como o nome do concurso sugere), mas mereceu e muito a coroa que agora carrega. Bem que as coisas podiam ser assim sempre, né? Justas, corretas, que fôssemos avaliados pelo nosso “conjunto” e recebêssemos o que merecemos, e não vítimas de estereótipos, como poderia ocorrer com ela por ser negra, oriunda de um país de pouca influência. Fico feliz que isso tenha acontecido. Fico realmente feliz. E esperançosa.

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1 comentário

  • Parabéns,
    A coluna ficou muito boa!

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