Como os ossos colam?

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Esta é uma pergunta muito frequente das crianças que os pais costumam apresentar dificuldades para rebater. A resposta é simples: o osso fragmentado se regenera sozinho. É uma disposição extraordinária!

“O organismo produz algo parecido com uma cola que, naturalmente, junta as partes. É uma função que faz com que as fraturas se consertem, bastando um empurrãozinho para unir corretamente as partes e mantê-las assim até que a natureza aja. Em lesões mais complexas, porém, deixar o organismo trabalhar sozinho pode levar um longo período ou mesmo deixar sequelas. Por isso, os procedimentos médicos, nesses casos, passam não só por técnicas tradicionais bem antigas, mas por novidades como as colas ósseas sintéticas”, afirma o médico ortopedista de coluna, Fabio Ravaglia.

Quando o rompimento é mais simples, é o organismo apenas que cuida de tudo, através das células, já que até os ossos são desenvolvidos por células. “O processo de reconstrução começa imediatamente após o ferimento. O organismo passa a enviar moléculas de cálcio pela corrente sanguínea. As células removem os tecidos danificados e pequenos vasos sanguíneos alcançam o hematoma formado em decorrência da fratura, facilitando a cura. Com essa ajuda, o hematoma se transforma em um calo mole que depois, com o envio de fibras de colágeno produzidas pelas células, transforma-se em um calo mais duro, até chegar ao chamado calo ósseo, que finalmente preenche a fissura que se formou entre os ossos fraturados. Com o tempo, a circulação sanguínea do osso melhora, a resistência aumenta e o organismo conclui o seu trabalho de colagem natural do osso. Semanas depois, a fissura deixa de existir e o osso está restaurado. Durante alguns meses, ocorre a calcificação do osso e a consolidação”, afirma o especialista.

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O período para que cada indivíduo consiga a cura é incerto e depende ainda do tipo de fratura. Para ajudar o organismo, sobretudo em casos de fraturas mais complicadas, a ciência se consagra com sucesso, há quase trinta anos, no estudo de medicamentos que ajudem na dissipação de ossos. As colas sintéticas estão entre as inovações que passaram a proporcionar uma possibilidade a mais para ajudar a tratar o paciente.

“A maioria das chamadas colas ósseas sintéticas representa na verdade indutores de consolidação, que são codjuvantes na fixação de ossos nos casos de fraturas, nas quais as técnicas convencionais de fixação rígida, com peças de metais, não apresentariam resultados 100% positivos. O ortopedista avalia o quanto a técnica utilizada permitirá que o paciente, curado da fratura, recupere a funcionalidade da parte do corpo afetada, sem perder a capacidade de movimento. Colas, em relação a pinos, placas e fios de metal, vêm apresentando resultados satisfatórios na reconstrução de ossos em determinados casos de fissuras”, diz o especialista.

De acordo com o médico, na documentação médica há registros, desde o começo da década de 80, de colantes à base de proteína cianoacrilato, totalmente biodegradáveis e que possibilitam a regeneração de rompimentos com a menor reação inflamatória na região. Estudos orientam a procura por polímeros protéicos e não protéicos biodegradáveis e biocompatíveis cada vez mais eficazes.

“Medicamentos que incentivem a produção natural, pelo organismo, de moléculas de cálcio na região afetada. Há também uma tendência a produtos apresentados em gel que podem ser injetados e endurecem no local da fissura, eliminando-a, e produtos adequados tanto para uso em ortopedia quanto em ortodontia, para reparo de tecidos e cartilagens. Produtos injetáveis no foco da fratura podem ser uma alternativa aos que são aplicados cirurgicamente. Novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para a restituição de ossos danificados que, com os tratamentos tradicionais, poderiam não se recuperar totalmente. A ciência ainda poderá avançar mais para ajudar em casos de falha óssea ou quando a recomendação é de um enxerto que, atualmente pode ser feito a partir de material do paciente ou sintético, por meio de cirurgia. A aplicação estimula o organismo a preencher as lacunas deixadas pela lesão. A técnica de fixação externa com transporte ósseo pode ser muito eficaz no tratamento de defeitos extensos e utiliza o osso do próprio paciente.”

Mesmo com as inovações para a cicatrização de ossos, quase sempre é indicado a imobilização e a colocação de gesso, faixa ou tala para conservar alinhada as partes do osso fraturado. A cirurgia, é recomendada em alguns casos. Fraturas com ossos muito luxados precisam de tração, realizadas com cordas e pesos para ajeitar o músculo e voltar as partes para o lugar correto.

Fraturas são muito corriqueiras em qualquer idade, no entanto, na terceira idade, elas se tornam mais frequentes, devido as modificações na base óssea. A fratura nesta idade, leva mais tempo para curar. Fumantes, obesos, alcoólatras e portadores de deficiências crônicas também possuem maior dificuldade para cicatrização dos ossos.

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As fraturas são levemente mais corriqueiras em crianças e adolescentes devido ao nível de afazeres que desempenham. Nos mais novos, o processo de cicatrização leva aproximadamente seis semanas, dependendo do tipo e da expansão da lesão. Em atletas, por causa do uso abusivo da base óssea, incide um outro tipo de fratura: acarretada pelo estresse. O tratamento demanda repouso das atividades esportivas.

“As fraturas são comumente diagnosticadas com base no histórico de trauma e a presença de dor. O raio X é utilizado para confirmar ou precisar a lesão. Procedimentos médicos e tratamento correto pelo tempo exato estipulado evitam que a pessoa comprometa a mobilidade. Seria muito bom e fácil se houvesse um feitiço para emendar osso quebrado, não é? Mas acredito que o “brackium emendo” só funcionaria mesmo se fosse feito pela madame Pomfrey, a responsável pela enfermaria do Hogwarts, o colégio para bruxos dos filmes de Harry Potter”, conclui Ravaglia.

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