Transplante de fezes, como funciona

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Doação de sangue, transplante de órgãos e de medula são algumas formas de ajudar o próximo através da disponibilidade de material orgânico. Entretanto, aparentemente é possível doar muito mais do que a maioria das pessoas pode imaginar. Uma terapia que está dando o que falar e abre esperanças para um futuro promissor no tratamento de várias doenças é a infusão de lavado intestinal. Fique por dentro do assunto e saiba como funciona o transplante de fezes.

O transplante de fezes é uma terapia que tem se mostrado muito promissora. (Foto: divulgação)

A importância da microbiota

Logo após o nascimento todo ser humano passa a ser colonizado por diferentes bactérias. Dentre os mais de 50 filotipos, apenas representantes de 4 filotipos (os Firmicutis, os Bacteroidetes, as Actinobacterias e as Proteobacterias) são capazes de colonizar o homem.

O resultado é que, apesar de seguir certo padrão, a combinação própria de bactérias torna a microbiota de cada pessoa praticamente única. Esses microrganismos são capazes de facilitar a incorporação de vitaminas, auxiliar no desenvolvimento e manutenção dos tecidos especialmente da mucosa intestinal, e ainda estimular o sistema imunológico contra agentes potencialmente nocivos à saúde.

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Auxílio no tratamento da colite pseudomembranosa

O clostrídio é um bacilo gram positivo anaeróbio que normalmente está presente na microbiota intestinal. Esse microrganismo produz a toxina A, responsável por aumentar a permeabilidade intestinal e provocar a secreção de fluidos, e pela toxina B, que causa intensa inflamação nas células do cólon. Esse agente é capaz de causar uma doença chamada de colite pseudomembranosa, que recebe esse nome devido à aparência das paredes intestinais no exame de colonoscopia.

Esse bacilo é responsável por até 20% dos casos de diarreia associada ao uso de antibióticos, e está no topo da lista das principais causas de diarreia adquirida em hospitais. Isso ocorre porque o uso de alguns antibióticos é capaz de eliminar boa parte das bactérias que são normalmente encontradas no trato gastrintestinal, com exceção do clostrídio. O resultado é que ocorre um desequilíbrio e a proliferação desse agente, potencialmente nocivo, aumenta consideravelmente, provocando a colite pseudomembranosa.

O clostrídio tem forma de bastão e pode causar a colite pseudomembranosa. (Foto: divulgação)

Como funciona o transplante de fezes

O objetivo do transplante de fezes é reestabelecer o equilíbrio da biota gastrintestinal da maneira mais natural possível. A terapia tem se mostrado bastante promissora e apresenta resultados muito superiores ao uso de antibióticos específicos contra o clostrídio.

A ideia, que surgiu a partir de pesquisadores holandeses, é transferir as colônias de bactérias de um indivíduo saudável para uma pessoa doente, infundindo um lavado de fezes do intestino do saudável através de uma sonda nasoenteral (que desce do nariz ao intestino delgado) para o portador da doença.

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O sucesso foi tão grande que, com apenas uma única infusão da mistura, a porcentagem de cura chegou a mais de 80%, bem diferente do que acontecia com o tratamento convencional, onde a taxa de cura com o antibiótico vancomicina era de apenas 30%.

O lavado é injetado por uma sonda nasoenteral. (Foto: divulgação)

O transplante de fezes é um tratamento inovador que mostrou resultados surpreendentes no combate de doenças intestinais, como a colite pseudomembranosa. Esse tipo de terapia abre margem para uma nova era de tratamentos de afecções que estão intimamente relacionadas com a microbiota do indivíduo, como é o caso da pancreatite, fiblomialgia e até mesmo obesidade e diabetes.

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