‘Sem estilo’, assim se autodefinia o escritor Millôr Fernandes

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Millôs faleceu aos 88 anos de idade (Foto: Divulgação)

O fundador de “O Pasquim”, Millôr Fernandes, nasceu no Rio de Janeiro. O escritor declarou que descobriu somente aos 17 anos de idade que seu nome estava errado na certidão de nascimento. Millôr em vez de Milton não era o único erro do documento, que apontava como data de nascimento o dia 27 de maio de 1924, quando na realidade o correto seria 16 de agosto de 1963.

Nessa terça-feira, 27 de março, essa figura irreverente faleceu, aos 88 anos, na sua casa em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos. A família informou que o velório está marcado para esta quinta-feira, 29 de março, das 10h às 15h, no cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária. O corpo será enterrado em seguida.

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Ubaldo foi um dos grandes personagens de "O Pasquim" (Foto: Divulgação)

Millôr, que se autodefina como um escritor “sem estilo”, começou no jornalismo aos 15 anos de idade, em 1938, como contínuo e repaginador de “O Cruzeiro”, que na época era uma revista pequena. Em 1943 retornou à publicação em parceria com Frederico Chateaubriand, e juntos, a tornaram um sucesso comercial, que saltou de 11 mil exemplares para 750 mil por edição. Foi na revista que criou a popular coluna “Pif-Paf”, que continha desenhos seus.

O início dos anos 50 foi muito importante para a vida do escritor. Ao lado de Fernando Sabino, viajou de carro pelo Brasil. Foram 45 dias de descobertas no país do futebol. Em 1952 decidiu conhecer a Europa, local onde passaria quatro meses. Millôr, 12 meses depois, estrearia sua primeira peça de teatro, “Uma mulher em três atos”, no Teatro Brasileiro de Comédia, em São Paulo. Como dramaturgo colecionou vários prêmios.

O escritor começou a trabalhar com jornalismo em 1938 (Foto: Divulgação)

A carreira na TV teve começo nos anos 60, quando o artista passou a ser censurado. O programa “Treze lições de um ignorante”, por exemplo, que era transmitido pela TV Tupi, no Rio de Janeiro, foi censurado pelo governo Juscelino Kubitschek ao falar mal da primeira-dama do país.

Mais tarde, Millôr começou a trabalhar no jornal “Tribuna da Imprensa”, também em solo carioca, porém, sete dias depois de sua contratação, foi demitido por ter escrito um artigo sobre a corrupção na imprensa. Mário Faustino e o jornalista Paulo Francis, pediram demissão em solidariedade ao colega.

"O Pasquim" sempre foi mutio polêmico (Foto: Divulgação)

Foi durante a ditadura militar que Millôr fundou o “O Pasquim”, junto com outros humoristas. O periódico tinha textos contundentes e uma boa dose de humor, o que incomodava a ditadura pela qual o país passava, ainda mais porque não escondia sua luta pela democracia. O escritor junto com Jaguar, Henfil, Sérgio Cabral, Ivan Lessa, Sérgio Augusto, Tarso de Castro e Paulo Francis, chegaram a ser presos por causa de uma sátira de Dom Pedro às margens do Ipiranga. No total, “O Pasquim” sobreviveu 1.072 edições, entre 1968 e 1991, quando encerrou as atividades.

Confira abaixo a entrevista do escritor, produtor, dramaturgo, ator, jornalista e desenhista Millôr Fernandes no programa Roda Viva da TV Cultura:

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