Resiliência Feminina: a força da mulher

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Quem nunca viu uma cena da mulher em trabalho de parto e o companheiro caindo desmaiado ao seu lado? A cena é engraçada, mas alguns cientistas realizaram estudos para tentar explicar de onde vem essa força de alguém capaz de resistir a tanta dor, enquanto o outro não consegue nem assistir? Estaria mesmo ligado à condição biológica feminina ou social?

Resiliência Feminina

Resiliência Feminina

Costuma-se dizer que a mulher perde em força física para um homem e que elas seriam mais resistentes à dor por enfrentarem situações mais incômodas ao longo da vida.

Já na fase da puberdade, a mulher se depara com dores na região pélvica, características do seu aparelho reprodutor. O começo da menstruação, marca não só o início da fase reprodutiva, mas muitas mulheres passam a conviver mensalmente com cólicas desencadeadas por causas variadas: tensão pré-menstrual (TPM), síndrome dos ovários policísticos, endometriose, miomas, cistos…

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Ainda, na tentativa de tratar esses sintomas, algumas passam a conviver com possíveis efeitos colaterais dos medicamentos: náusea, enjoos, sonolência, dor de cabeça, gastrite…

Tendo que lidar com todas estas novas situações, chega o interesse pelo sexo. Aí começam as expectativas sobre não ser mais virgem e, principalmente, dúvidas sobre como é a dor do ato sexual – “vai doer?, como é a dor?, vou suportar?” – são perguntas que cercam essa fase de expectativas. 

Passada essa etapa, a vida sexual da mulher é cercada de preconceitos que refletem todo o estigma já sofrido socialmente por seu gênero. Um passado de silenciamento, sub-julgamento, violência psicológica e física, influenciaram na formação psicológica da mulher, aproximando a questão biológica feminina ao social para uma maior tolerância à dor pela mulher.

É o que tem demonstrado diferentes estudos acerca do tema: “Probing Question: Do women have a higher pain threshold than men?”, – Universidade da Pensilvânia; “Sex Differences in Pain”, – Sage Publications; “Sex, Gender, and Pain: A Review of Recent Clinical and Experimental Findings”, – The Journal of Pain; “Sex differences in pain: a brief review of clinical and experimental findings”, – Pain Research and Intervention Center of Excellence, University of Florida. Fonte (Universidade da Pensilvânia)

As evidências mostraram que as mulheres são mais tolerantes, mas também, mais sensíveis à dor. Elas percebem as dores com mais frequência em relação aos homens, o que as tornam mais fortalecidas.

A sensibilidade de uma pessoa indica a capacidade dela se identificar com uma situação, portanto, quanto mais experiências de dor, mais sensíveis e tolerantes a ela.

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As dores próprias de uma mulher, continuam refletindo na sua rotina ao longo da vida. Novamente sobre a vida sexual da mulher, é comum que muitas continuem relatando dor na relação ou dificuldade em manter a penetração, mesmo após perder a virgindade. 

De novo, há desde características biológicas do corpo feminino que podem se apresentar como o vaginismo, que pode ser tratado com a fisioterapia pélvica; ou aspectos psicológicos de como ela encara o sexo, estando presentes o reflexo de toda uma cultura de discriminação na dificuldade para se relacionar sexualmente.

E não para por aí. Se a mulher desejar engravidar, vai encarar todas as intercorrências da gestação e a dor do parto, de novo, cercada por muitas expectativas e dúvidas.

As contrações marcam o início da tentativa do útero em “expulsar” o bebê. Ao ser empurrado para baixo, a cabeça do bebê vai dilatando o colo do útero e os ossos do quadril para poder passar. No parto normal, não é possível anestesiar completamente a mulher, visto que, ela não sentirá as contrações e não realizará a força necessária para ajudar no processo de nascimento.

O que um dos estudos aponta é que a força não está atrelado ao sexo da pessoa. Ela advém da capacidade de superar situações adversas, o que torna as mulheres biologicamente e socialmente mais preparadas para serem mais resilientes.

Mais um aspecto disso é a longevidade feminina. É preciso sabedoria para assumir, por mais tempo, as intempéries da vida.

Guerras e violência urbana em momentos passados e atuais, estatisticamente mataram e matam mais homens. Inclusive, é uma das explicações possíveis para a aceitação da mulher no mercado de trabalho, antigamente. 

Fora os aspectos sociais, a ciência também tenta explicar a maior longevidade feminina.

Um dos fatores, seria que a mulher vai mais vezes ao médico, o que acaba por levá-la a se cuidar e, por consequência, refletindo em mais saúde. 

Também, cigarro e álcool eram muito mais atrelados ao comportamento masculino, e importantes fatores de desequilíbrio na questão da longevidade. O que tende a diminuir a longo prazo, visto que há um aumento no comportamento feminino em adotar esses hábitos.

Geneticamente, isso poderia ser explicado pelo fato da mulher possuir cromossomos “XX” e o homem “XY”. O geneticista David Gems, professor de Biologia e Envelhecimento da University College London, explica que se houver algum problema no cromossomo X, a mulher possui uma cópia, mas o homem não. 

Um exemplo disso, é que há determinadas espécies de aves em que o cromossomo XX está presente nos machos, ao contrário dos humanos, e vivem mais que as fêmeas.

Outra explicação, é a presença do hormônio estrogênio em maior quantidade na mulher. Ele atuaria como antioxidante, impedindo o envelhecimento das células.

Foram realizados experimentos com animais, onde as fêmeas com falta desse hormônio não vivem tanto quanto às outras que mantêm estes índices elevados.

O estrogênio também poderia facilitar a eliminação do colesterol ruim, o que acaba protegendo mais as mulheres de doenças do coração.

A dor que o indivíduo sente é subjetiva a cada um, não há forma de medir isso. O sistema neurológico responderá às emoções físicas e psíquicas igualmente em homens e mulheres. 

A diferença é na forma como cada um reage às adversidades, o que segundo os estudos, tornam as mulheres mais fortes, devido à sua Resiliência Feminina conquistada pelos fatores físicos e sociais.

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