Ingestão de leite na adolescência aumenta risco de câncer

Homens que consomem mais leite na adolescência possuem três vezes mais chance se desenvolver câncer de próstata avançado quando adultos, de acordo com uma pesquisa realizada no Instituto da Islândia, divulgada no American Journal of Epidemiology.

Durante mais de 20 anos, 8.894 homens que tinham nascido entre 1907 e 1925 foram seguidos.  Nesse intervalo, 1.123 homens desenvolveram a doença, sendo que 371 eram casos avançados. A pesquisa notou que homens que se recomendavam de beber leite uma ou duas vezes por dia quando adolescentes haviam três vezes mais risco de desenvolver câncer de próstata avançado do que aqueles que afirmavam ingerir a bebida menos de uma vez por dia.

Além disso, aqueles que viveram em regiões rurais nos primeiros 20 anos de vida indicaram conter um risco 29% maior de contrair a doença do que aqueles que moravam na cidade, onde o leite era insuficiente na época. Homens do campo que tinham nascido antes de 1920 proporcionaram risco de 64% maiores do que os da cidade.

“Acreditamos que nossos dados fornecem evidências importantes para o papel da adolescência como um período sensível para o desenvolvimento do câncer de próstata”, afirmou Johanna Torfadottir, coordenadora do estudo, à agência de notícias Reuters. Os especialistas advertem, no entanto, que esse levantamento não são suficientes para que os adolescentes deixem de ingerir a bebida e, que mais pesquisas são necessárias para aprovar os resultados.

Consumir ou não o leite?

Apesar dos resultados da pesquisa, as pessoas não devem restringir a ingestão de leite para prevenir o câncer de próstata, pois, fatores como estilo de vida e diversos costumes alimentares podem intervir nos dados. “A partir dessa pesquisa, provavelmente outras serão desenvolvidas para que essa relação entre o leite e a doença seja melhor compreendida”, afirma César Câmara, médico urologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

De acordo com César, o principal fator de risco para o surgimento da doença é o histórico de casos da doença na família. “Estilo de vida saudável não só quando adulto, mais durante toda a vida, inclusive na adolescência, como observou o estudo, pode interferir fortemente no risco de doenças ao longo da vida”, diz o médico.