Segundo uma pesquisa conduzida pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, o excesso crônico de cocaína pode estimular o processo de envelhecimento do cérebro. Na análise que foi divulgada nesta semana na revista Molecular Psychiatry, a equipe de pesquisadores comparou o cérebro de usuários e não usuários da droga e notou que a substância gera uma perda maior da massa cinzenta do órgão.
Análises anteriores já haviam apontado que a alteração no cérebro, a qual geralmente ocorre quando as pessoas envelhecem, igualmente podem ser notada em jovens que são dependentes da cocaína. Todavia, essa é a primeira vez que o uso crônico é diretamente ligado ao envelhecimento antecipado do órgão.
É natural que, com o envelhecimento, todos percam volume de massa cinzenta. Essa é a região do cérebro que possui o corpo das células nervosas, que abrange locais do órgão relacionadas ao controle muscular, memória, sentimentos, fala e percepção sensorial, tais como ver e ouvir.
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“No entanto, o que temos visto é que os usuários crônicos de cocaína perdem massa cinzenta de uma forma significativamente mais rápida, o que poderia ser um sinal de envelhecimento prematuro”, diz Karen Ersche autora da pesquisa.
A equipe estudou o cérebro de 120 pessoas que tinham idade, QI e sexo parecidos. Os voluntários foram divididos em dois grupos: o primeiro com pessoas dependentes de cocaína, e o segundo com pessoas sem histórico de drogas.
Os especialistas notaram que a perda de volume da massa cinzenta do cérebro associada à idade foi quase duas vezes maior entre o primeiro grupo – o dos dependentes químicos, do que o segundo, com pessoas saudáveis. Esse declínio foi maior no córtex pré-frontal e temporal – regiões acopladas à capacidade de atenção, de tomar decisões e ainda de memória.
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“Nossos resultados demonstram claramente a necessidade de estratégias preventivas para enfrentar o risco de envelhecimento prematuro associado com abuso de cocaína. Os jovens que fazem o uso da droga hoje precisam ser educados sobre o risco a longo prazo do envelhecimento antecipado”, diz Ersche. Segundo a pesquisadora, não apenas os jovens devem se atentar, mas também os mais velhos que estão expostos à droga há mais tempo.
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