Bipolaridade, uma doença mal-humorada ou bem-humorada?

PUBLICIDADE

Na vida, como costumam dizer, nem tudo é um mar de rosas. Nas atribulações do nosso dia a dia, nem sempre estamos alegres o tempo inteiro, logo, as oscilações de humor são recorrentes ao longo de um dia. No entanto, quando essas oscilações são constantes é preciso ficar atento, pois pode ser que a pessoa seja portadora do transtorno bipolar de humor. Trata-se de uma doença que tem se evidenciado muito nas últimas décadas, até pelo fato de vivermos em uma época em que a competitividade é cada vez mais acirrada em todos os segmentos da vida.

Nesse sentido, no mundo de hoje temos que ser vencedores o tempo inteiro, seja no campo afetivo, familiar e, principalmente, profissional, enfim, vivemos cercados de cobranças porque, como se diz, “temos que matar um leão por dia” e, evidentemente, tal quadro, não que seja determinante, mas também acaba contribuindo para que se manifeste a bipolaridade.

Recentemente pudemos acompanhar pela mídia, um caso de uma pessoa acometida por isso e que também ajuda a entender outra faceta dessa doença. A ex-modelo Cristina Mortágua, que teve um filho com o ex-jogador de Vasco, Palmeiras, Flamengo e Seleção Brasileira e atual comentarista da Tv Bandeirantes, Edmundo, apareceu na delegacia batendo no próprio filho e até na delegada, após o próprio filho ter feito a denúncia alegando que era maltratado pela mãe.

PUBLICIDADE

Verificou-se que ela era bipolar. Ao se fazer um levantamento da vida de Cristina Mortágua, percebeu-se que ela há alguns anos depois de experimentar um meteórico estrelato, lá pelos idos dos anos 1990, quando foi capa das principais revistas masculinas, caiu em um ostracismo vertiginoso, ou seja, nota-se que essa doença se manifesta em pessoas que não suportam frustrações, enfim têm dificuldades de dar a famosa “volta por cima”. Repito: não que isso seja determinante, mas se a pessoa já tem propensão para a doença, fatores como esses apenas contribuem para que ela se manifeste.

Você que está lendo deve estar se perguntando: se esses dois fatores citados acima não são determinantes, o que é determinante nessa doença? Bom, antes de mais nada é preciso que entendamos o que é essa doença. Até um tempo atrás ela era conhecida como psicose maníaco-depressiva e caracteriza-se justamente por oscilações de humor em vários estágios, indo das oscilações normais até nos mais acentuados, em que a pessoa vivencia sentimentos extremos, ou seja, de uma alegria quase que eufórica, de uma hora para outra mergulha em uma tristeza profunda. Imagine o que isso provoca tanto na vida da pessoa quanto daqueles que com ela convivem? O que se sabe é que acomete 8 a cada 100 indivíduos e atinge indistintivamente tanto homens quanto mulheres.

Somatória de fatores O que sabe até agora sobre essa doença é que há uma somatória de fatores que contribuem para que ela se manifeste. Entre esse fatores apontam causas biológicas, genéticas, sociais e psicológicas. Seguindo essa linha de raciocínio esses fatores podem definir como um indivíduo reage diante de uma situação estressante do dia a dia, ou seja, aqueles que têm mais estrutura, conseguem se manter firmes, o que não ocorre com os bipolares. Tudo começa já na infância, quando se manifestam como sintomas, a irritabilidade intensa, gestos impulsivos e algumas manifestações de afetividade exageradas.

Normalmente o bipolar é aquilo que conhecemos como “pessoa de pavio curto”, ou seja, é muito impaciente. Quando está eufórico, tem idéias grandiosas, fala muito rápido e é muito agressivo verbalmente, fica com um otimismo exagerado, gasta exageradamente e quando fica depressivo, se isola do mundo, falar pouco, fica com dificuldade de se concentrar, enfim fica totalmente apático.

Diversas descobertas detectaram que essa doença afetou diversos artistas, justamente porque a arte lida com sentimentos intensos. Assim teríamos, na literatura, Edgar Allan Poe, o diretor de cinema, Francis Coppola, os ex-presidentes dos Estados Unidos, Abraham Lincoln e Theodores Roosevelt , o escritor Erneste Hemingway, o pintor Vang Gogh, na música, Mozart, Cazuza, Renato Russo e Kurt Kobain, o que comprova que a doença já vem fazendo suas vítimas há muito tempo.

É possível se tratar? O que é possível se fazer em um estado desse? Como reverter esse quadro? Por meio de medicamentos conhecidos como estabilizadores de homor, em que se destaca o mais usado que é o carbonato de lítio, muito importante para evitar riscos de suicídio. Além disso, são úteis também a carbamazepina, a oxcarbazepina e o ácido valpróico. Somado a isso, recomenda-se um bom acompanhamento psiquiátrico, em que a terapia, com foco familiar, apresenta melhores resultados.

PUBLICIDADE

Portanto é importante que a família também participe dessa terapia, tanto para incentivar o portador da doença, como para também se tratar, visto que a família também sofre as consequências desse mal. Como em todas as doenças, um fator que contribui muito para dar “aquela injeção de ânimo”, no doente é, sem dúvida, é que ele tome o melhor remédio de todos que é a solidariedade. Com esse “remédio” que combate o preconceito, a estigmatização, certamente estará dando um grande passo para sua cura.

Leia também:

Comentários fechados

Os comentários desse post foram encerrados.