Apontadores sugerem melhora da economia no segundo semestre

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A queda nos juros tem implicação direta sobre a despesa financeira da indústria.

Apontadores econômicos, publicados nos últimos dias, indicam que o Brasil poderá ter um segundo semestre melhor que o primeiro. Inflação e juros em queda, alta nas vendas de cimento e de embalagens compõem um quadro que beneficia uma maior circulação na indústria daqui para o fim do ano.

“Hoje, dado o cenário mundial, o crescimento será menor que 3%. Mas ainda há esperança de que a situação se estabilize e possamos ir além”, afirma Rodrigo Zeidan, professor de economia e finanças da Fundação Dom Cabral (FDC). “Não é impossível”, diz o economista.

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A indústria de embalagens, espera compensar as fracas vendas no começo do ano, nos meses que estão por vir. No primeiro trimestre, houve queda de 0,3%, em parte devido a implicações sazonais, afirma Luciana Pellegrino, diretora da Abre (Associação Brasileira de Embalagem). Mas o segundo trimestre, a espera já era de alta de 0,8% em relação ao mesmo intervalo do ano passado e, para os dois últimos, de 2,1% e 3,8%.

Na construção civil, o crescimento das vendas de cimento aponta que a atividade prossegue aquecida e deverá ajudar a conservar o ritmo de ampliação do PIB neste ano. O acréscimo do volume vendido do insumo foi de 0,7% de abril para maio. No ano, as vendas já acumulam alta acima de 10%, na conferição com os cinco meses de 2011.

A indústria de embalagens, espera compensar as fracas vendas no começo do ano.

A queda nos juros tem implicação direta sobre a despesa financeira da indústria e atenua a pressão por alterações de preços que acende a inflação. “O governo tem empreendido esforços na queda dos juros que começam a chegar na ponta da cadeia, no consumidor”, afirma Adriano Gomes, professor do curso de administração da ESPM.

Para Rodrigo, em uma economia desacelerada, ainda deve haver menor repressão por aumento de salários, como nos últimos anos. “Quando saíram os dados do Banco Central relativos ao PIB, apontando para crescimento de 0,15% no primeiro trimestre, sobre o último tri de 2011, o mercado ficou inquieto”, diz Manuel Enriquez Garcia, professor de economia da FEA e presidente da Ordem dos Economistas do Brasil. O apontador, anualizado, alertou: “mas não é o que deve acontecer”.

Segundo Rodrigo, só falta que o desenvolvimento de alguns setores chaves, como a construção civil, por exemplo, se alastre para outros.  “O desempenho de um ou dois setores não será suficiente para sustentar o crescimento de uma economia que movimenta mais de trilhão”, afirma o economista.

Risco

O aumento das vendas de cimento aponta que a atividade segue aquecida e deverá ajudar no ritmo de ampliação do PIB.

 “O que a gente não sabe é se isso (o aumento da venda de embalagens e cimento) é sinal de retomada mais pujante da economia ou se é meramente reposição de estoque”, afirma Gomes, da ESPM. “São bons sinais, mais não são sinais de recuperação evidente”.

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Segundo ele, a performance no segundo semestre dependerá muito da situação externa e da tendência do mercado, que tem variado muito nesta semana de pré-eleições na Grécia.  Além disso, há também o endividamento da população brasileira, que pode pelo menos reduzir o impacto de estratégias de incentivo ao consumo, como a redução dos juros e a ampliação do crédito.

“A indústria de transformação está em sérias dificuldades e precisa ser alavancada com a ampliação do crédito. Mas o remédio já foi aplicado e restam dúvidas quanto ao espaço que existe ainda para isso”, afirma Garcia, da FEA.

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