A realidade dos últimos dias de Gramacho

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Cada catador receberá um ressarcimento da Prefeitura no valor de R$ 14 mil.

O Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho, na cidade de Duque de Caxias, (RJ) onde hoje trabalham 1.400 catadores cadastrados, está prestes a completar suas atividades. O encerramento definitivo estava previsto para o dia 23 de abril, porém, foi adiado para maio, devido ao cadastramento de todas as pessoas que vivem no local.

Cada catador cadastrado terá o direito de receber, em parcela única, o recurso da  Prefeitura do Rio os recursos do Fundo dos Catadores, no valor de R$ 14 mil.  Desde a inauguração em 2011 do CTR (Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica), a 75 km do Rio, a quantia de lixo em Gramacho foi caindo. De acordo com a secretaria de Conservação, o Rio fabrica 9 mil toneladas de resquícios ao dia e o CTR já recebe cerca de dois terços desse total.

Marcio de Oliveira, de 23 anos, um dos líderes da Associação dos Catadores de Jardim Gramacho, está preocupado com o futuro da vizinhança. “Vai abalar muita gente que não sabe fazer outra coisa na vida, que não seja separar madeira, plástico e papel. Não sei o que essa gente vai fazer da vida”, diz Marcio.

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Mãe de quatro crianças, Jaqueline Lopes, de 35 anos, já sabe o que vai fazer quando receber o ressarcimento. “Com o dinheiro que vai vir, quero terminar minha casinha”, diz ela, que vive em Gramacho desde os 12 anos. “Vejo a novela e relembro quando vinha pequena para cá. Não tinha jeito. Era isso ou morrer de fome”, relembra. Jaqueline faz referência à novela “Avenida Brasil” que trata a realidade das pessoas que vivem em um lixão.

Otávia de Souza repete há 23 anos a mesmo rotina: subir e descer a rampa três vezes por semana. A rampa é como os catadores chamam as montanhas de lixo que se empilham próximo à Baía da Guanabara.  “A cerâmica que forma o piso lá de casa é toda daqui, achada no lixo. As portas e janelas também. E eu mesma fiz, porque não podia pagar pela mão de obra. O chão do meu quarto tem pedacinhos de mármore que fui guardando”, diz Otávia, que deseja comprar uma máquina de costura com o dinheiro do ressarcimento.

O futuro de Gramacho

Uma das moradoras faz referência à novela "Avenida Brasil" que trata a realidade de quem vive em um lixão.

Organizando-se para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que ocorrerá entre os dias 13 a 22 de junho no município, a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) inaugura no dia 5 de maio a Usina de Biogás no Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho. A fundação do sistema de aproveitamento e queima de biogás é um dos projetos de redução de emissões de gases do efeito estufa do País.

Segundo estimativa realizada pela Comlurb, a usina impedirá que, nos próximos 15 anos, cerca de 75 milhões de metros cúbicos de metano ao ano sejam liberados para a atmosfera. Com um investimento avaliado em R$ 407 milhões, o projeto visa a sustentação do aterro por mais 15 anos após o encerramento do escoamento de lixo, além do monitoramento ambiental e geotécnico da região.

“O aterro vai gerar renda pelos próximos 15 anos com a venda de biogás e créditos de carbono. O que a prefeitura do Rio está fazendo é antecipar os recursos aos catadores cadastrados junto a cooperativas”, explica Carlos Roberto Osorio, secretário municipal de Conservação e Serviços Públicos.

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