As metas de investimento em educação recomendadas pelo governo são insuficientes para que o Brasil, em curto prazo, alcance o nível de gastos no setor realizado pelos países desenvolvidos. Investir 7,5% ou 10% do PIB (Produto Interno Bruto) em educação significa esperar até 2050, ou na melhor das suposições até 2040 para o país se igualar ao nível de investimentos realizados pelos países com menores desafios na área.
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A conclusão é do professor da UFG (Universidade Federal de Goiás), Nelson Cardoso Amaral. Doutor em educação, Amaral realizou uma pesquisa confrontando os investimentos realizados pelo Brasil em educação e vários outros países. Para isso cruzou não só as dados de gastos em relação ao PIB, mas também o volume da população em idade escolar de cada um. “Só o percentual do PIB não dá conta do significado do investimento de um país”, diz.
Para Amaral, a votação do PNE (Plano Nacional de Educação) – que esquematiza as metas educacionais para o país nos próximos anos – decidirá mais do que um alíquota de investimento. “O plano vai definir o tamanho do esforço que o Brasil pretende fazer para priorizar a educação e em quanto tempo o país quer atingir os desafios educacionais que possui”, avalia.
A pesquisa preparada pelo professor levou em conta 27 países com realidades distintas. Todas as estimativas foram realizadas com fundamento nos valores do PIB corrigidos com a igualdade do poder de compra em cada país, o dimensão da população em idade educacional e o quanto cada país investe em educação por estudante. A média de todas as nações foi de R$ 4,4 mil em 2010 por indivíduo em idade educacional (cerca de R$ 9 mil).
Orçamento triplicado
Pelas estimativas, o Brasil investia US$ 959 – R$ 1.965 por indivíduo em idade educacional. O valor é ainda menor que o gasto com os estudantes já matriculados nas escolas, cerca de R$ 2 mil em média. Se dedicasse os 7,5% do PIB para educação, o gasto por aluno seria três vezes maior – chegaria a R$ 6 mil/ano por indivíduo até 2020 – mas ainda estaria longe da média de investimentos realizados pelas nações com menores desafios educacionais, que chega a US$ 7,9 mil por ano (R$ 16 mil, aproximadamente).
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Se a meta for sustentada, o Brasil só alcançaria valores semelhantes depois de 2050. “Os valores médios seriam mais rapidamente alcançados pelo Brasil se fossem aplicados percentuais com valores mais próximos dos 10%, claro. O Brasil atingiria a média dos países mais desenvolvidos em 2040”, afirmou. No ranking feito por Amaral, o Brasil aparece em sétimo lugar entre os 27 países avaliados.
País | % do PIB em Educação | Valor aplicado em Educação (US$) | Porcentagem da população em idade educacional | US$ por pessoa em idade educacional |
Iêmem | 9,6 | 5,6 | 51 | 473 |
Índia | 3,2 | 113,5 | 42 | 236 |
Paraguai | 4 | 1,1 | 39 | 408 |
Bolívia | 6,4 | 2,9 | 42 | 695 |
Indonésia | 3,2 | 31 | 33 | 395 |
China | 1,9 | 166,6 | 30 | 419 |
Brasil | 4 | 81 | 45 | 959 |
Botsuana | 8,7 | 2,1 | 48 | 2.203 |
África do Sul |
5,4 | 26,4 | 37 | 1.455 |
Cuba | 9,1 | 10 | 26 | 3.322 |
México | 5,4 | 79,5 | 35 | 2.019 |
Argentina | 3,8 | 21,2 | 33 | 1.578 |
Chile | 3,2 | 7,8 | 33 | 1.416 |
Uruguai | 2,9 | 1,4 | 30 | 1.348 |
Rússia | 3,8 | 79,9 | 22 | 2.601 |
Portugal | 5,5 | 12,8 | 21 | 5.592 |
Coréia do Sul |
4,6 | 61,8 | 25 | 5,446 |
França | 5,7 | 120,4 | 24 | 7.884 |
Dinamarca | 8,3 | 16,5 | 25 | 11.960 |
Canadá | 5,2 | 66,5 | 26 | 7.677 |
Espanha | 4,2 | 57,4 | 22 | 6.477 |
Austrália | 4,5 | 36,9 | 25 | 6.969 |
Alemanha | 4,6 | 129,4 | 22 | 7.187 |
Japão | 4,9 | 202,9 | 20 | 7.862 |
Estados Unidos | 5,3 | 755,3 | 28 | 8.816 |
Áustria | 5,4 | 17,4 | 23 | 9.346 |
Noruega | 7,2 | 19,9 | 27 | 15.578 |
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