Empresas contratam aposentados por falta de mão de obra especializada

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Com a necessidade de mão de obra especializada, e sobretudo, experiente, muitos idosos trocaram, sem muitas dificuldades, seus dias de folga por telefonemas, relatórios e a correria do cotidiano, sendo crescente a procura de companhias por profissionais aposentados em seu quadro de funcionários.

Um levantamento realizado pela Hays, companhia especializada em recrutamento para média e alta gerência, apontou que 20% das agências brasileiras preferem contratar profissionais aposentados. Do total,  metade é por carência de mão de obra especializada.

 “O atual nível de investimentos em projetos, principalmente em infraestrutura, deve mostrar uma tendências cada vez maior de executivos voltando para o mercado de trabalho”, diz Alexia Franco, diretora da Hays. “É exigido conhecimento em condução de projetos, que, por mais que o profissional seja bem formado tecnicamente, somente a experiência pode trazer.” Segundo Alexia, cerca de 80% da demanda das empresas é por profissionais formados em Engenharia.

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Foi exatamente pelo conhecimento que o engenheiro agrônomo aposentado Luiz Antonio Barreto de Castro, 72 anos, nunca abandonou o mercado de trabalho. Aposentado há 17 anos, ele continuou trabalhando em cargo público até 2010, quando trocou o cargo de Secretário de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia, para atuar como diretor da União Química.

 “Um trabalhador de 70 anos está completamente ativo”, diz Castro. “Ele não trabalha se não tiver motivação, entusiasmo e projetos. Se tiver essas coisas, provavelmente vai ter propostas em qualquer setor, seja público ou privado”, completa.

Propostas não faltaram ao contador Valter Mattos Lourenço. O profissional de 60 anos, bem que tentou se aposentar terminantemente em 2009 – uma década após de ter aposentado no papel. Porém, as férias terminantes duraram pouco. Cinco meses depois, ele já estava outra vez atuando no mercado, prestando consultoria em diversas companhias. “Fiquei em casa por cinco meses, mas já estava angustiado. Ficar parado é terrível”, diz.

E é exatamente pela empenho de estar na ativa que os aposentados têm voltado ao mercado de trabalho. “Não é somente o salário que importa. Nesta etapa de vida, o profissional está mais preocupado com o projeto, em se sentir importante ainda”, afirma. “São fatores mais emocionais que racionais”, disse Alexia Franco, da Hays.

No comando

Segundo o levantamento da Hays, 72% dos aposentados são contratados para cargos técnicos. As atuações nas diretorias são responsáveis por 33% das vagas, enquanto a presidência, conselho e gerência responderam por 6%, 17% e 28%, respectivamente das contratações.

Entre as grandes companhias, a busca por profissionais mais gabaritados é frequente. Cerca de 20%, do conjunto de 330 colaboradores diretos da agência, é composto por profissionais aposentados.

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 “O principal fator que levou à contratação desses profissionais foi a larga experiência no setor de óleo e gás e o vasto conhecimento das bacias sedimentares brasileiras”, diz Franco. “Alguns possuem mais de 30 anos de atuação na área, tendo participado das principais descobertas e projetos de produção já realizados no Brasil”, afirma.

“Esse equilíbrio na estrutura de colaboradores é muito saudável para as companhias”, disse Alexia Franco referindo ao mix de experiência e juventude que se mostrou bem-sucedido nas companhias.  “Um executivo mais vivido consegue antecipar problemas que podem acontecer nos projetos, e isso gera ganhos para a empresa”, finaliza a especialista.

Condições especiais

Além da remuneração diferenciada, a qual não deixa de ser um atrativo para os aposentados, as companhias que contratam esses profissionais tende a proporcionar condições especiais de trabalho, segundo a diretoria da Hays. ” Muitos desses executivos têm uma necessidade diferente da geração Y ou até da gerência sênior.”

Entre os diferenciais podem estar jornada de trabalho mais curta, arranjos especiais e horários maleáveis. “É um profissional que não vai passar 14 horas do dia trabalhando”, diz Alexia. “As empresas terão de desenvolver um modelo de trabalho diferenciado.”

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