Algo in Rio

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Estamos no meio do Rock in Rio. Sim, aquele mesmo que já foi realizado em outras partes do mundo sem mudar o nome (Rock in Rio Lisboa?) e que nasceu como uma proposta moderna ao histórico Woodstock onde um monte de hippie aproveitava a desculpa de mudar o mundo para ouvir rock, se drogar e fazer sexo.

Ok, você lendo esse começo deve julgar que sou contra esse tipo de evento. Não, não sou, tem muita gente respirando há meses o Rock in Rio, que chorou de emoção quando o evento voltou ao Brasil, trazendo consigo uma gama imensa de artistas internacionais de encher os olhos e turistas entusiastas por ver e ouvir rock na “cidade maravilhosa”. Acho legal, acho emocionante, certamente se houvesse nesse evento pelo menos um dia da programação com meus artistas favoritos, estaria igualmente entusiasmada.

Estou nesse momento me recuperando de pequeno problema de saúde, mas enfrentando a madrugada a pedido de um amigo que quer que eu ouça uma música do Metallica, a mesma banda que conheço a popularíssima Unforgiven II (e certamente escrevi errado) e mais absolutamente nada. Estou no volume baixo, acho barulho demais para essa hora, mas imagino que os fãs de metal estejam em êxtase total.

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Apesar de torcer pelo sucesso do evento, senti-me razoavelmente empolgada com Guns, que vi no primeiro Rock in Rio, ainda criança, pela televisão, e com Elton John, que, francamente, não toca rock nem fazendo força. Mas minha completa desistência do evento veio com a confirmação de Claudia Leitte. Não quero aqui fazer uma crítica sobre o trabalho dela; meu desprezo às suas músicas é totalmente particular, totalmente gosto pessoal e respeito quem gosta. Mas gente, vamos concordar que a cantora que entrou no mercado pra concorrer com Ivete Sangalo, axé puro, estar na programação do Rock in Rio é tão contraditório quando marcar campeonato de surf no Saara.

Por que não deixar o Rock in Rio para o rock? É até o nome do evento, caramba! Tenho acompanhado pouco exatamente por perder a fé nos organizadores, mas vi Milton Nascimento homenageando Fred Mercury e isso me deu uma pontada no coração. Não sou fã de Queen, apesar de gostar de algumas músicas. Não detesto Milton Nascimento até porque de cabeça nem me lembro de nada dele, assim, no improviso, sem pesquisa, mas faltou tanta, mas tanta potência de voz no nosso artista que a lindíssima “Love of my life” do finado Fred não me levou às lágrimas pela primeira vez em toda minha existência. Achei triste.

Não sou fã de metal, mas confesso que o som que toca enquanto escrevo tem ajudado a aflorar ideias, que andavam meio paradas com a minha total falta do que dizer do festival do rock que quase não tem rock. E sim, preciso citar Katy Perry. Novamente, nada contra, tenho uma quedinha pelas divas pop. Divas POP.

Festival para todos os gostos? Bacana, gosto da ideia. Mas Rock in Rio com cantores de pop e…. e…. axé? Onde fica minha fé no estilo musical? Espero de coração que eu esteja somente um tanto azeda nessa madrugada, que esteja sendo inesquecível para quem está acompanhando e curtindo, que esteja valendo a pena para quem investiu o salário do ano e a aposentadoria para estar lá.

Quanto à pegação, às drogas e coisas do gênero, cansei do meu antigo discursinho politicamente correto, só peço que usem camisinha e lembrem que existe o dia de amanhã, e droga vicia, destrói e mata. O resto, fica na consciência de cada um.

Maya Falks

Maya Falks é escritora, publicitária e roteirista. Contista premiada, é editora de blog homônimo e apaixonada por literatura, música, cinema e propaganda, sendo devotada às palavras em suas mais diversas manifestações.

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Contato: maya.tribos@gmail.com

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